sábado, 22 de janeiro de 2011

O Linho e a Cooperativa Belofícios



Há muito tempo que havia uma janela do Passado de Pedra a precisar de “protecção”. Foram pensadas várias soluções, umas mais modernas como a aplicação de um “blackout” em rolo, outras mais clássicas como um simples cortinado. Mas estas soluções não resultavam, porque inicialmente as janelas não tinham portadas (modernices…) e estas soluções por não ficarem encostadas à parede não impediam totalmente a entrada de luz.
Assim, em primeiro lugar foram colocadas portadas, mas surgiram novos problemas, agora não era possível utilizar as soluções anteriores porque as portadas, quando abertas, saíam para fora do vão da janela….

Dirão, caramba, tanta coisa por causa de uma janela!!!!.

Bem, mas a solução lá chegou, um simples pano de linho, bordado com um simples ajour, mais tradicional não poderia ser.
A “cortina” foi executada à medida, pela Cooperativa Belofícios. Esta cooperativa trabalha principalmente dois materiais muito tradicionais: o burel de que já falámos, e o linho, do qual falaremos daqui a pouco…

A Cooperativa Belofícios tem uma loja aberta, em Belmonte, onde se podem comprar lembranças executadas com estes materiais, mantas em lã, presépios em barro e muitas outras peças de artesanato.


O cultivo do linho era um processo manual em que participava toda a família, iniciava-se com a sementeira, depois quando maduro o linho era arrancado pela raiz e de seguida faziam-se pequenos molhos que eram cuidadosamente ripados para separar a baganha (cápsula com as sementes) do resto da planta.
Já sem a baganha era transportado para um rio ou para um pequeno charco e atado em molhos que eram submergidos na água e ai ficavam mais ou menos 15 dias. No fundo esta operação de maceração, efectuada por microorganismos em anaerobiose, permitia a dissociação dos cimentos pecticos e hemicelulósicos, que ligam os feixes de fibras entre si.
No final desse período era retirado da água, bem sacudido e estendido ao Sol para poder secar durante cerca de uma semana, após este processo a palha era esmagada, batendo-se com um maço de madeira, até ser possível separar a parte lenhosa da fibra.
Após as operações de “amadar”, “espaldagem” e “sedar”, todas elas necessárias a uma melhor separação da “palha” das fibras de linho, as fibras seguiam para o sarilho onde se obtinham as meadas que, de seguida, passavam pelo processo do branqueamento.
Finalmente eram lavadas e coradas recorrendo a processos tradicionais. Quando secas e brancas, eram colocadas na dobadoura para, assim se obterem novelos com os quais se trabalhava no tear.
Assim, para obter o tecido de linho era necessário muito trabalho árduo, para percorrer uma série de etapas, desde a sementeira até chegar ao bater forte e compassado dos teares que teciam lençóis e toalhas de mesa, que depois eram ainda bordados com arte.

Contactos:
Cooperativa Belofícios, Rua 1º de Maio, telf. 275088224


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